Esta altura do ano pode ser extremamente desafiante de caminhar.
O corpo, que está conectado, mesmo que não tenhas consciência disso, aos ciclos naturais, pede recolhimento. Mesmo quem busca fugir dos meses frios, e viaja para um refúgio mais quentinho, procura-o também como um espaço de recolhimento, pausa, descanso dos imensos estímulos e demandas externas. O nosso sistema nervoso pede uma pausa para descansar, tal como a Terra.
Esta é uma pausa diferente dos meses quentes, como o teu corpo bem sabe. Consegues sentir a diferença? Já reparaste que procuramos os recursos para o fazer. Acende-se o fogo, tiram-se as cobertas e roupas mais pesadas dos armários. A comida também é mais robusta. A hidratação pede calor. Queremos adentrar com o peso caloroso da nossa natureza e ajudar o corpo a fazê-lo.
Queremos naturalmente descarregar o nosso sistema nervoso tão sábio e sensível, das infindáveis e excessivas estimulações das demandas sociais, para que possamos estar mais presentes para o mundo e todas as nossas relações. Para que possamos Ser a Luz que o Corpo É, por si só. Não existe nada de mais precioso do que um sistema nervoso regulado perante outro ser humano. Para isso “pausar” é a pérola mais que preciosa. O Corpo da nossa natureza intrínseca procura encontrar o caminho da Sua própria Luz. Da sua imensa Sabedoria. Da ligação à sua ciclicidade. Não existe noite sem dia e dia sem noite. E temos as ferramentas para que na noite possamos encontramos a luz, e na luz encontrarmos a escuridão. Para Nascermos precisamos Morrer e para Morrer precisamos Nascer. O Natal é este Encontro. O Encontro do que parece um paradoxo mas não o é.
Para quem, nesta altura, sente o seu sistema nervoso sobrecarregado e ativado, escuta as necessidades do teu corpo com carinho e compaixão. Se te sentes triste quando todos procuram celebrar. Se as tradições do natal católico não te fazem sentido. Se esta altura ativa recordações, lutos (perda de alguém, do que nunca tiveste, do que já tiveste mais que agora não tens, e muitos outros que coloquei aqui noutra publicação), memórias desafiantes. Se estás a passar por uma fase difícil. Nada de errado se passa contigo. Se ouves e lês sobre todas as grandes concretizações, objetivos atingidos, não te esqueças que o maior objetivo da nossa vida é sobre Viver, por si só, e não ter que atingir nada. É na simplicidade do encontro com a vida, decrescendo até Ela, que nos encontramos. Individualmente e coletivamente. Natal é acordar para este Encontro. O movimento capitalista impulsiona-nos em atingimentos infindáveis que catapultam, muitas vezes, em problemas na nossa saúde física, psicológica, emocional e espiritual.
Procura momentos de silêncio, de pausas, de auto-cuidado. Procura o que te conecta com a Beleza da Vida e do mundo natural. Para mim estar junto das Árvores é um bálsamo. Respeita o espaço que o teu corpo É. O teu corpo é uma celebração da vida e do espaço único que ele é, por si só, com todas as suas emoções, percepções, informações. Celebra a sua unicidade com carinho. Não há cada de errado com a tua necessidade de quereres “ir mais para dentro.” Toda a semente o faz.
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