O significado que damos ao Nascer e Morrer, na nossa sociedade impregnada no nosso corpo como teias de aranha com milénios de existência numa casa fantasma, são aparentes opostos. Contraditórios dessincronizados um do outro e daquilo que é a Vida que nos habita a Todos. Plantas, vírus, bactérias, ar, fogo, água, estrelas cadentes. Movimentos da Vida que acontecem em Todos nós a cada Inspirar e Expirar. Acendemos e apagamos em segundos. Estamos e deixamos de estar. Rios. Limpar a nossa casa fantasmagorica de milénios de ideias normóticas é fundamental para quem quer trazer até si uma “Nova Terra”. Criar novas teias de aranha é o movimento radical, orgânico e corajoso tão preciso e precioso que irá fazer nascer em nós uma nova Existência. Olho a Morte nos meus olhos e vejo a “Nova Terra”. Olho a Morte nos meus olhos e vejo a Vida. Vejo planetas, estrelas, universos. Flores, árvores e milhares de animais. Vejo o ar, o fogo, a terra e a água. Olho a Morte nos meus olhos e vejo o mar de emoções que sinto no meu corpo Vivo. Dor, tristeza, solidão, raiva, os meus gritos, o meu medo, dúvidas, relações, frustrações. Risos, borboletas no estômago, deslumbramentos e orgasmos.
Olho a Morte nos meus olhos e vejo a Vida das minhas Sombras raízes, abraçadas ao centro da Terra escura e fértil. Sombras que alimentam as folhas e as flores dos ramos da minha árvore. Vivo pela força das minhas sombras que me agarram ao chão. Por cada recanto de Terra escura e raiz que dá vida às minhas flores. Vivo pela gravidade que me empurra para o fundo profundo. Esperneio. Grito. Rosno. Abro as pernas e bato com os dois pés no chão. Faço do silêncio um punhal. Tronco rijo de carvalho. Urtiga. Força para o meu mel. Músculo para as minhas flores. E assim Sou. E assim Somos. Tu e Eu. Já olhas-te para os teus olhos hoje?
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