Como podemos falar de liberdade se o nosso sistema de saúde, e grande parte dos seus profissionais atua com base na exclusividade da doença aguda e a sua cura, sem olhar para a doença crónica irreversível e para a morte? Como estão a ser acompanhadas as pessoas com doença cronica e irreversível (doenças oncológicas, cardíacas, respiratórias, hepáticas, renais, demências, etc)? É muito grave podermos chegar à conclusão que estão a ser acompanhadas com muito pouca dignidade e por pessoas sem desenvolvimento humano, educativo e cientifico naquilo que é uma área muito nobre da humanidade e da medicina: os cuidados paliativos. É esta a realidade que criamos. Todos nós.
"Os cuidados paliativos pretendem dar uma resposta ativa aos problemas decorrentes de uma doença grave, prolongada e/ou progressiva. O objetivo é prevenir o sofrimento que estas doenças condicionam e oferecer a máxima qualidade de vida à pessoa doente e à sua família, independentemente do tempo de vida.
São cuidados de saúde ativos e rigorosos, que combinam ciência e humanismo fazendo com que o sofrimento desapareça na maioria dos casos e, em situações mais complexas, que assuma níveis toleráveis.
São uma forma de proporcionar cuidados de saúde centrados na pessoa doente e na sua família. São prestados por uma equipa multidisciplinar constituída por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais. Visam a abordagem global do sofrimento, o suporte na comunicação com o doente, família e profissionais e outros parceiros na sociedade, e o planeamento antecipado de cuidados, centrado na pessoa. São uma área de especialização como qualquer outra área específica no âmbito dos cuidados de saúde (como por exemplo a Obstetrícia, Cirurgia, Cardiologia ou Neurologia).
A dor física, orgânica, é apenas um dos múltiplos sintomas que pessoas com doenças prolongadas podem apresentar. Existem muitos outros, como o cansaço, a falta de ar, a insónia, as náuseas/vómitos e, além destes, o sofrimento psicológico, espiritual, social e cultural.
Em cuidados paliativos, a pessoa doente é abordada como um todo. O seu objetivo não é curar uma doença, mas sim cuidar das pessoas doentes e ajudá-las a viver a sua vida, ao mesmo tempo que lidam com a doença. Centram-se na importância da dignidade da pessoa cuja vida deve ser vivida intensamente até ao fim, independentemente do momento da morte. Cada dia é vivido com pleno significado." https://apcp.com.pt/
Falamos tanto em saúde. Ouvimos tanto falar na carência de cuidados de saúde, nomeadamente na área de obstetrícia.
Porque será que esta especialidade da medicina, onde mais de 70% da população não tem acesso, não é uma prioridade, uma urgência?
Comments