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A palavra Doula vem do grego e significa "mulher que serve". No ocidente, a palavra “doula” na sua conceção moderna foi usada pela primeira vez pela antropóloga Dana Raphael, no seu livro sobre amamentação publicado em 1973. O trabalho da doula do nascimento, que já é mais conhecido, resgata uma prática de afeto, acompanhamento, transmissão de conhecimento que sempre existiu até à institucionalização do parto.
Na sociedade contemporânea, o termo “doula” foi adaptado para descrever uma pessoa com formação que fornece suporte não médico a outra pessoa que está a preparar-se para uma grande transição de vida. O fim de vida é uma dessas transições e é para responder às necessidades específicas deste momento que surgiram as doulas de fim de vida.
Em 1998, numa conferência sobre o final da vida, o Dr. Sherwin Nuland, professor de cirurgia da Universidade de Medicina de Yale, falou da experiência dele, referindo que, mesmo na companhia de profissionais de saúde, as pessoas continuavam a estar muito sozinhas. Phyllis Farley, presidente do conselho da “Maternity Center Association” em Manhattan (MCA), sugeriu, então, que uma equipe bem preparada de voluntários poderiam fazer uma diferença significativa para aqueles que poderiam vir a morrer sozinhos. Assim, foi iniciado no ano 2000, em Nova York, o primeiro movimento de doulas da morte. Foi um programa de voluntariado financiado pelo «Shira Ruskay Center of the Jewish Board of Family and Children's Services» e pelo centro médico NYU.
Inspirados neste programa, em 2001, foi criado o Baylor’s doula program (Baylor Supportive and Palliative Care Service and Clinical Ethics Committee).
Também, em 2003, um assistente social de Nova York, Henry Fersko-Weiss, que trabalhava num serviço de Cuidados Paliativos, testemunhou o mesmo que S. Nuland e aplicou o modelo das doulas do nascimento ao final da vida. Ele observou que o cuidado individualizado e personalizado que define as qualidades da compaixão, respeito e empoderamento da pessoa são fundamentais e os profissionais de saúde, sobrecarregados com a componente mais técnica no cuidar, não conseguiam chegar a todo o lado e as pessoas continuavam a morrer sozinhas. Isto acontecia, não porque a instituição e os profissionais não se importavam com as pessoas mas sim pela estrutura burocrática dos cuidados. Weiss, estudou com a DONA International, que faculta cursos de doulas do nascimento e diligentemente aplicou as bases do mesmo ao final da vida. Hoje é o diretor da Associação internacional de doulas do fim da vida (INELDA).
Depois destes programas pioneiros, muitas outras pessoas, por este mundo fora, sentiram o mesmo apelo. Podemos observar doulas da morte em Inglaterra, Canadá, Brasil, Austrália, e muitos outros países. Em Portugal, o primeiro curso de doulas começou em 2019.
O Prof. Allan Kellehear, um pioneiro na criação do projeto de comunidades e cidades compassivas (podem ver a entrevista aqui no site), refere que uma pessoa com doença terminal passa apenas cerca de 5% do seu tempo com enfermeiros, médicos, e outros profissionais de cuidados paliativos. De acordo com este especialista, isso significa que aproximadamente 95% do tempo é gasto sozinho, com familiares, amigos e na comunidade.
É importante referir que os familiares e amigos, e muitas vezes os próprios cuidadores formais, não foram preparados para o acompanhamento no final da vida. Podem ser muito amorosos e bem-intencionados mas podem existir algumas barreiras entre eles e a pessoa em fim de vida. A presença da morte no nosso familiar e amigo desperta em nós os nossos medos, também. Desperta as nossas dores, a nossa tristeza. Enquanto tentamos cuidar das nossas emoções que surgem, pode ser difícil estar totalmente presente às necessidades dos outros. Também as prioridades concorrentes das nossas vidas quotidianas podem ser um obstáculo à presença da família e amigos.
Olhando para o percurso de Weiss, e os restantes, visualizo o meu. Quando estava a fazer o curso de doula do nascimento, e já tendo formação e trabalhando em Cuidados Paliativos, vislumbrei e senti a oportunidade que criei posteriormente. Assim, com este sonho e aspiração no meu coração, convidei as pessoas que senti que vibravam na mesma frequência para, em conjunto, podermos materializar este projeto em Portugal. Convidei a Amara e as restantes pessoas maravilhosas que se apresentam neste site. A semente que foi lançada à terra em conjunto foi nutrida. Em conjunto, porque só em família, acredito, podemos criar algo sustentável, como na natureza, refletimos e materializámos este projeto.
- Doula Ana Catarina -